Em vez de investir em reciclagem, cidades optam por usinas de incineração.Lixo que poderia ser reaproveitado vira fumaça.
Depois de 19 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada no ano passado com festa pelos ambientalistas.No entanto, uma modificação de última hora permitiu a adoção da incineração do lixo como uma alternativa que passou a ser considerada de forma corriqueira por diversas cidades em todo o Brasil.Em vez de investir em programas de coleta seletiva, muitas prefeituras têm projetos para construir usinas de incineração, apresentadas como solução "verde".Especialistas, porém, afirmam que o alto custo para se implantar uma usina é inferior aos ganhos econômicos, sociais e ambientais da reciclagem."Retirar a matéria-prima do meio ambiente é mais caro do que reaproveitá-la, afirma Jutta Gutberlet,professora e coordenadora do projeto de coleta seletiva Brasil-Canadá.
Segundo o instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a reciclagem de apenas 2,4% de todo o lixo produzido no Brasil por ano representa economia de recursos de R$1,3 bilhão a R$ 3 bilhões.
Tal valor poderia ser de R$ 8 bilhões e se todos resíduos sólidos urbanos como plásticos fossem reciclados.
Um exemplo dos problemas decorrentes da adoção da incineração é o que acontece em Unaí, em Minas Gerais.
Na cidade, uma pequena usina transforma o lixo queimado em tijolos de carvão usados em siderurgicas.Segundo o Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis(MMCR), a unidade tem inviabilizado a reciclagem, já que até os catadores vendem o material para alimentar o fogo.
Em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, a Prefeitura pretende montar uma usina com capacidade para queimar 650 toneladas por dia de lixo.O investimento, dizem as autoridades, virá acompanhado de programas para aumentar a reciclagem de 1% de tudo que é descartado para 10% em 2017.
Mesmo assim, o projeto gera desconfiança."Eles vão queimar os postos de trabalho que a reciclagem cria", argumenta Maria Mônica da Silva, de 38 anos, catadora e membro da articulação estadual do MMCR.
Ela lembra que, para atingir temperaturas elevadas, é preciso que o material queimado seja rico em papel e plásticos, dois materiais recicláveis.A incineração antecipa o fim da vida útil de produtos e não evita que novas matérias-primas sejam retiradas no meio ambiente."É um problema muito complexo que envolve saúde, meio ambiente e economia",destaca.
A administração municipal afirma que o modelo é seguro e não polui, e menciona a prática da queima do lixo em países como Dinamarca e França para garantir sua eficiência, o processo realmente é bastante difundido na Europa.
No entanto, desde 2000, comissões da União Europeia tem desmotivado tal alternativaq, em função da poluição que a fumaça da queima dos resíduos emite no ar, mesmo com rigoroso tratamento a que ela é submetida.
"É um método muito usado, mas também muito questionado pela sociedade", afirma a professora Jutta."Algumas substâncias, principalmente as dioxinas e os furanos são dificílimas e caras de serem contidas dentro das chaminés.E já se sabe que elas têm alto potencial cancerígeno",completa.
No brasil, cerca de 60% do lixo é matéria orgânica, como restos de comida, resíduos que não produzem calor suficiente.O restante pode ser reciclado, com exceção de uma pequena parcela inaproveitável."Nós lutamos para que se amplie a reciclagem e se diminua a produção e o consumo de materiais que não podem ser reaproveitados, porque eles são danosos ao planeta", explica Jutta.
Para ela, além de não resolver os problemas relacionados ao lixo, a incineração cria outros."Ainda será necessário dar destino para as cinzas tóxicas que representam 25% do que é queimado e cria um problema social sério porque prejudica os catadores e as empresas de recicagem"afirma.
Depois de 19 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada no ano passado com festa pelos ambientalistas.No entanto, uma modificação de última hora permitiu a adoção da incineração do lixo como uma alternativa que passou a ser considerada de forma corriqueira por diversas cidades em todo o Brasil.Em vez de investir em programas de coleta seletiva, muitas prefeituras têm projetos para construir usinas de incineração, apresentadas como solução "verde".Especialistas, porém, afirmam que o alto custo para se implantar uma usina é inferior aos ganhos econômicos, sociais e ambientais da reciclagem."Retirar a matéria-prima do meio ambiente é mais caro do que reaproveitá-la, afirma Jutta Gutberlet,professora e coordenadora do projeto de coleta seletiva Brasil-Canadá.
Segundo o instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a reciclagem de apenas 2,4% de todo o lixo produzido no Brasil por ano representa economia de recursos de R$1,3 bilhão a R$ 3 bilhões.
Tal valor poderia ser de R$ 8 bilhões e se todos resíduos sólidos urbanos como plásticos fossem reciclados.
Um exemplo dos problemas decorrentes da adoção da incineração é o que acontece em Unaí, em Minas Gerais.
Na cidade, uma pequena usina transforma o lixo queimado em tijolos de carvão usados em siderurgicas.Segundo o Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis(MMCR), a unidade tem inviabilizado a reciclagem, já que até os catadores vendem o material para alimentar o fogo.
Em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, a Prefeitura pretende montar uma usina com capacidade para queimar 650 toneladas por dia de lixo.O investimento, dizem as autoridades, virá acompanhado de programas para aumentar a reciclagem de 1% de tudo que é descartado para 10% em 2017.
Mesmo assim, o projeto gera desconfiança."Eles vão queimar os postos de trabalho que a reciclagem cria", argumenta Maria Mônica da Silva, de 38 anos, catadora e membro da articulação estadual do MMCR.
Ela lembra que, para atingir temperaturas elevadas, é preciso que o material queimado seja rico em papel e plásticos, dois materiais recicláveis.A incineração antecipa o fim da vida útil de produtos e não evita que novas matérias-primas sejam retiradas no meio ambiente."É um problema muito complexo que envolve saúde, meio ambiente e economia",destaca.
A administração municipal afirma que o modelo é seguro e não polui, e menciona a prática da queima do lixo em países como Dinamarca e França para garantir sua eficiência, o processo realmente é bastante difundido na Europa.
No entanto, desde 2000, comissões da União Europeia tem desmotivado tal alternativaq, em função da poluição que a fumaça da queima dos resíduos emite no ar, mesmo com rigoroso tratamento a que ela é submetida.
"É um método muito usado, mas também muito questionado pela sociedade", afirma a professora Jutta."Algumas substâncias, principalmente as dioxinas e os furanos são dificílimas e caras de serem contidas dentro das chaminés.E já se sabe que elas têm alto potencial cancerígeno",completa.
No brasil, cerca de 60% do lixo é matéria orgânica, como restos de comida, resíduos que não produzem calor suficiente.O restante pode ser reciclado, com exceção de uma pequena parcela inaproveitável."Nós lutamos para que se amplie a reciclagem e se diminua a produção e o consumo de materiais que não podem ser reaproveitados, porque eles são danosos ao planeta", explica Jutta.
Para ela, além de não resolver os problemas relacionados ao lixo, a incineração cria outros."Ainda será necessário dar destino para as cinzas tóxicas que representam 25% do que é queimado e cria um problema social sério porque prejudica os catadores e as empresas de recicagem"afirma.