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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Remédio no lixo, não!



Pouca gente sabe, mas medicamentos vencidos ou em desuso não podem ser descartados no lixo comum.



Entenda por que e saiba como se desfazer deles de forma correta.





Talvez você não saiba, mas os medicamentos com validade em dia, porém em desuso, ou já vencidos não devem ser descartados no lixo. Comum. É não se trata de preciosismo. As substâncias químicas que seguem para os aterros contaminam o solo, e, conseqüentemente, o lençol freático, podendo um dia voltar á água que usamos em casa. Colocá-lo entre os reciclados ou mandá-los pela descarga também não são ações que resolvem o problema. O meio ambiente serão intoxicado da mesma maneira.
Sem falar no risco de que outras pessoas, por algum motivo, vasculhem o lixo na rua antes do lixeiro e façam mau uso do remédio, como consumi-lo, repassá-lo ou ate vendê-lo.”Em suma, temos aí um problema ambiental, de saúde pública e criminal. Uma hora, essa conta ia chegar”, analisa José Francisco Agostini Roxo, diretor da BHS, maior incubadora da América do Sul e responsável por criar a instalação que recebe medicamentos em algumas farmácias e supermercados do País.
Mas não se culpe, leitor, por não saber como agir. De acordo com pesquisa de 5 anos, atrás da Faculdade Oswaldo Cruz, de São Paulo, poucos brasileiros sabem o que fazer com os remédios. Segundo a responsável pelo estudo, a coordenadora do curso de Farmácia. Marisa Veiga, de lá para cá, a situação não mudou muito, “porque nada foi feito de efetivo.
Até outro dia a Anvisa(Agência de vigilância Sanitária)ainda recomendava que se jogasse na privada”.
O debate no Brasil sobre qual a melhor maneira de se descartar este tipo de produto só esquentou a partir de 2009 e ainda está engatinhando. Discuti-se em Brasília, num grupo comandado pela Anvisa, qual o melhor sistema para coleta, transporte e destinação final desses resíduos.
Enquanto não há um sistema nacional, padronizado, começam a despontar alternativas em vários municípios brasileiros.
Curitiba(PR), por exemplo, disponibiliza seus terminais de ônibus para o descarte especial. Cada dia da semana o veículo responsável pela coleta passa num ponto diferente(confira o calendário no site www.curitiba.pr.gov.br) e recolhe tudo o que puder não só remédios, como outros itens que não devem ir no lixo comum, como baterias de celular, óleo de cozinha e lâmpadas fluorescentes.
Já Goiânia (GO) adota outra estratégia:convoca multirões de descarte. O governo marca a data, avisa a população e, no dia estipulado, arrecada. Da última vez, foram 38 toneladas.
São Paulo, a maior metrópole do País, ainda apanha para fazer toda a engrenagem funcionar quando o assunto é descarte de medicamentos. Suas unidades(UBS) até recebem os medicamentos, mas não existe qualquer campanha de incentivo para que a população deixe os remédios nesses pontos. Na UBS da República, no centro da cidade, o movimento e tão pequeno que médicos comemoram o fato de uma cartela de pílulas ter sido descartada exatamente no dia da nossa visita.
Uma experiência que vale olhar com mais atenção, porém, se passa na Farmácia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo(USP).Os farmacêuticos orientam e reforçam a importância da devolução de remédios. No retorno, realizam uma entrevista para entender por que houve sobra de medicamento e a pessoa recebe orientações. Entre os produtos devolvidos, os que passam por rígido controle de qualidade são reaproveitados para outros usuários, gerando uma economia mensal de R$80 mil.
O que se vê, mesmo nas principais cidades brasileiras, é movimento mais concreto de farmácias e drogarias.
“Apesar da boa vontade, como ainda não existem normas, muitas vezes acaba sendo apenas marketing. Vi um coletor num corredor de shopping fora da farmácia, em que os remédios estavam transbordando e qualquer um, uma criança por exemplo, poderia colocar a mão ali. Sem orientação e precaução é uma situação de risco também”,Alerta Juan Carlos Bezerra Ligos, diretor da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico.
Enquanto não há uma regra estipulada, por que não tentar colaborar?Primeiro, separe os medicamentos do lixo comum.
Valem tantos os vencidos como aqueles que não serão mais utilizados. Depois, faça uma nova separação. Caixas, e bulas vão para o lixo reciclável. Pomadas e pílulas vão em uma sacola plástica á parte. Líquidos e sprays devem ficar numa sacola separada, e ampolas e seringas devem ser depositadas em garrafas PET, para evitar acidentes. Essa divisão detalhada não é obrigatória,mas ajuda o processo.
Se puder, evite também ler aquela caixinha de de emergências, reprovada por especialistas.
A chance de armazenar de forma errada os remédios é alta. Seja por ficar numa gaveta embolorada, pelo calor da cozinha, pela unidade do banheiro ou até mesmo pelo esquecimento da validade dos produtos.
“Guardar medicamentos em casa é um risco. O certo é descartar corretamente a sobra, pois acaba sendo usada, e parte das intoxicações acontecem exatamente por causa disso”.alerta Pedro Menegasso, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
O ideal é que o remédio dure o tempo exato da prescrição médica. Como muitas vezes compra-se sem receita ou as caixas contém além do necessário, a sobra é inevitável. Assim, se não tiver jeito, procure locais secos, frescos e longe do alcance de crianças e animais para guardar.
Afinal, enquanto não se homologa o modelo ideal de descarte de medicamentos, bom mesmo é seguir o velho ditado:é melhor prevenir do que remediar.

Discussão Nacional

 O Governo Federal, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) tem organizado debates e grupos de trabalho para decidir qual a melhor maneira de enquadrar os medicamentos na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305) e, assim, decidir como serão modelo e regras nacionais para o descarte destes produtos. Participam dessa construção, em reuniões em Brasília, indústria farmacêutica, drogarias e farmácias, órgãos do poder público, sociedade organizada e especialistas da saúde.”Pode-se até fazer uma norma sem o consenso de todos os elos da cadeia, mas está provado pelo exemplo de outros países que, se isso acontecer cumpre-se muito mais as normas”, conta Juan Carlos Becerra Ligos, diretor da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico. A previsão é de que ainda este mês seja aprovado um projeto piloto e que até o fim deste ano já exista uma norma nacional.”O tempo que está levando não é por falta de debate”,explica Zilda Veloso, gerente de Resíduos Perigosos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.


Longo percurso de descarte de medicamentos na cidade de São Paulo e os problemas existentes.


1ºDescarte

Em casa, os medicamentos (vencidos ou que não serão usados)devem ser separados do lixo comum. Caixas de bulas vão para reciclagem. Pomadas e pílulas vão em uma sacola plástica, líquidos e sprays em outra.
Ampolas e seringas devem ser depositadas em garrafas PET para evitar acidentes. Só então, podem ser levados, para um ponto de coleta, que pode ser uma Unidade Básica de Saúde(UBS), farmácias ou supermercados.
Falha:A separação e o descarte especial de remédios não é comum. Há até quem os despeje no vaso sanitário. Ação que prejudica o meio e configura um risco á saúde.

2ºOrganização

Os postos de coleta têm de guardar os medicamentos descartados e separá-los em dois grupos:em sacolas brancas vai o material infectante (ampolas e seringas), por exemplo).Em sacolas laranjas vai o material medicamentoso(pílulas, xaropes e até sprays).
Falha:Nem sempre postos de coleta separam corretamente. Alguns locais sequer utilizam as sacolas certas. Caso ocorra um acidente no transporte dos remédios, as autoridades terão dificuldade em identificar de imediato que aquele material é tóxico e perigoso para a saúde pública.

3ºTransporte 1

Em São Paulo, duas empresas são responsáveis pela retirada e destinação final deste lixo especial, que não é feita pelo mesmo caminhão de lixo comum.
Falha:Não é recomendável transportar grandes quantidades tóxicas ainda não tratadas ou incineradas. Mas é isso que acontece. Itens de saúde infectantes vão para unidades de tratamento e o resto do material segue para os transbordos.

4ºUnidade de tratamento

É para onde vão os itens de saúde infectantes, aqueles das sacolas brancas. Este lixo é formado principalmente por resíduos hospitalares(gase, seringa, avental, lençol).O material é aquecido e depois triturado. Em volume bastante reduzido, os restos são levados para o aterro.

5ºTransporte II

Quando a caçamba de medicamentos está prestes a atingir seu limite, a empresa contratada para a incineração é acionada. Um caminhão retira a caçamba lotada e já disponibiliza uma nova, higienizada, impermeabilizada e vazia. A caçamba cheia de medicamentos descartados segue para Suzano, não interior paulista.
Falha:O mesmo problema verificado no Transporte I.

6ºIncineração

O caminhão deixa todos os medicamentos descartados em um armazém. Tudo o que chega fica estocado por no máximo 1 semana.
Quando há uma quantidade suficiente, os medicamentos são levados para a incineração em fornos. Neles, os produtos ficam expostos a temperaturas altíssimas.
Cerca de 10% do material vira cinzas, que são estocadas em grandes sacolas, que depois vão para um aterro. Os 90% restantes voltam ao meio ambiente por emissão de gases que passam por um processo de “purificação”.
Falha:A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental diz que monitora esse processo e atesta que está tudo dentro do regulamento. Existe uma discussão internacional, porém, sobre os riscos que a incineração apresenta á saúde humana e ao meio ambiente.

7ºTransporte III

As grandes sacolas com as cinzas são transportadas em um caminhão até o aterro.
Falha:O mesmo problema verificado no Transporte I e II.

8ºAterro

As cinzas que restaram dos medicamentos são colocadas separadamente do lixo comum.
Falha:Ainda não ficou comprovado que o acúmulo dessas cinzas não provoca danos ao meio ambiente.
A descontaminação não é de 100% e pode sim prejudicar o meio ambiente de alguma maneira.