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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Expansão sobre a Amazônia pode ser ruim para agricultura


GIOVANA GIRARDI - Agência Estado

A substituição da Floresta Amazônica por pastos e plantação de soja no processo de expansão agrícola pode ser prejudicial não só para o ambiente como um tiro no pé da própria agricultura. Quanto mais ela se expandir sobre a floresta, menos produtiva será. Essa é a conclusão de um trabalho publicado hoje por pesquisadores brasileiros e um americano, que investigaram o delicado equilíbrio entre floresta e o clima da região e como o desmatamento pode afetá-lo.
Os pesquisadores trabalharam com o princípio de que a floresta controla o regime climático da região. Assim, até 2050, com o desmatamento, é esperada uma redução no volume de chuvas. Aliada ao processo de aquecimento global, pode resultar em uma diminuição da produtividade de soja e pasto.
A equipe das universidades federais de Viçosa, do Pampa, de Minas e Centro de Pesquisa Woods Hole estimou que essa estiagem pode reduzir a produtividade da pastagens de 30% a 34%. Já a elevação da temperatura pode provocar uma redução no plantio de soja - de 24%, no melhor cenário, a 28%, no pior. O número varia porque foram considerados dois cenários - um em que a legislação ambiental é implementada e o governo é atuante, e outro com desmatamento intenso, semelhante ao que ocorria entre os anos 2000 e 2004, quando a taxa anual bateu em 27%.
Os efeitos podem ser mais sentidos nas regiões leste do Pará e no norte do Mato Grosso, onde as mudanças na cobertura da terra poderiam afetar dramaticamente o clima local, ao ponto em que a agricultura se torne inviável, afirmam os autores. "Já sabíamos que, com o desmatamento, alguns serviços ambientais desempenhados pela floresta, como a regulação climática, seriam reduzidos. Mas em compensação poderíamos ter uma grande produção agrícola regional. Demonstramos que, para níveis elevados de desmatamento, o serviço de regulação climática cai tanto que afeta significativamente a produtividade agrícola, ou seja, você perde os serviços prestados pela floresta e não ganha a produção agrícola", afirma Marcos Costa, de Viçosa. A pesquisa sai hoje na revista americana Environmental Research Letters. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Massacre das florestas tropicais avança sem parar


 
Na Indonésia, por exemplo, moratória decretada em 2011 para proteger as áreas não deu resultados

Gilles Lapouge - O Estado de S. Paulo

PARIS - Enquanto a Europa está saindo aos poucos de um inverno extraordinariamente gélido, o aquecimento do clima agrava-se em todo o globo, e o aumento do CO² e das temperaturas constituirá, com toda a certeza, a maior ameaça do mundo a partir de 2050.
Na parafernália de instrumentos de que os homens dispõem para frear o aquecimento estão evidentemente as florestas. Entretanto, apesar das conferências, das promessas, das sanções e do imenso sistema de proteção criado ao longo dos anos, constatamos que o massacre das florestas tropicais, longe de se reduzir, avança sem parar. Principalmente nas zonas tropicais.
Hoje podemos citar dois exemplos. O da Indonésia, em primeiro lugar. Em maio de 2011, o país decretou uma moratória visando proteger suas florestas primárias e suas turfeiras, isto é, 43 milhões de hectares. E para estimulá-la a cumprir sua promessa, a Noruega comprometeu-se a fornecer-lhe US$ 1 bilhão.
Hoje, verificamos que a moratória de 2011 não serviu para nada. Encorajada pela fortuna representada pelo óleo de palma e pela devoradora indústria do papel, a Indonésia, longe de deter o desaparecimento de suas florestas, conseguiu destruí-las, ao ritmo de 500 mil a 1 milhão de hectares (no mínimo) ao ano.
O presidente indonésio, Susilo Banbang Yudhoyono, anunciou na quarta-feira que imporá a moratória de 2011 por mais dois anos, apesar dos gritos enfurecidos dos fabricantes de óleo de palma (a Indonésia é a maior produtora mundial). Uma notícia auspiciosa, sem dúvida. Mas, diante dos exploradores descarados e impunes do "tesouro verde", terá o governo de Jacarta a energia e os meios para intimidar os destruidores de árvores?
Outro exemplo está na África. Moçambique, país que saiu totalmente esgotado de uma longa guerra irreparável, possui recursos florestais fabulosos nas províncias de Sofala, Zambézia e Cabo Delgado. Ali, apesar das promessas oficiais, as florestas simplesmente evaporam. Ocorre que existe um consumidor de madeira moçambicana dotado de um apetite feroz, insaciável, a China.
Somente na província de Zambézia, desaparecem anualmente 219 mil hectares de florestas desde 2008. Ao redor dos compradores chineses surgiu todo um sistema ilegal. E este sistema ilegal é mais poderoso, melhor gerido e mais profissional, do que o sistema legal encarregado de proteger o tesouro contra os predadores.
Os traficantes entram em contato com as autoridades locais e obtêm o sinal verde. Mandam então os "pisteiros" na floresta para descobrirem as árvores preciosas. Em seguida, recrutam os chamados "pingo-pingo" para derrubá-las. Vem então o próximo passo. Para exportar a madeira, são necessárias três autorizações: as da alfândega, dos serviços florestais provinciais e dos ministérios da Indústria e do Comércio. Mas nada de pânico. Os traficantes afirmam que basta ter paciência. E eles são pacientes.
De uma extremidade à outra da cadeia, há falcatruas e corrupção para exportar as madeiras protegidas. O jornal O país, de Maputo, revela que, recentemente, uma imensa carga de madeira marcada com giz (e não com tinta indelével, conforme prescreve o regulamento) anunciava espécies de segunda categoria. Na realidade, tratava-se de Berchemia zeyheri, uma variedade ultra protegida.
Nos anos 80, na circunscrição de Massaca, não muito longe da capital, a floresta cobria todo o território. "A aldeia ainda não existia", conta Antonio Cosa, funcionário da cidade de Boane. "Só havia árvores, em toda parte, e algumas carvoarias para uso local. Hoje, não sobra uma úncia árvore".